Reflexos da economia no comércio varejista

17 de dez de 2015

Jéssica Andrade

O cenário de retração econômica marcou o ano de 2015 e o comércio varejista não passou o período ileso. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a expectativa é de que o setor encerre o ano com queda de 4% nas vendas, em relação a 2014. O quadro de recessão no segmento motivou os empresários a adotar estratégias para fechar o ano com o saldo positivo. Em contrapartida, a situação vivenciada em 2015 ressalta a importância de uma avaliação dos negócios e de um bom planejamento para conseguir impulsionar as vendas em 2016.

O economista da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, explica que em 2014 já havia indícios de que a tendência era de a economia não apresentar crescimento nos anos seguintes. Desde então, instalou-se um clima de incerteza no país, o que interfere diretamente nos indicadores econômicos, como aumento da taxa de inflação, elevação da Selic, da taxa de desemprego e queda nos investimentos. “Observando esses índices, o consumidor evita realizar gastos, o que diminui o volume de vendas”, analisa.

Segundo o especialista, os segmentos que se enquadram no fornecimento de bens duráveis ou semiduráveis, como automóveis e eletrodomésticos, tiveram uma redução maior nas vendas por ofertar produtos que necessitam de condições de financiamento maiores que, com a elevada taxa de juros, tornam-se mais restritas devido ao alto custo do crédito.  Já as áreas que fornecem bens essenciais, como alimentos e itens farmacêuticos, apresentaram um desempenho um pouco melhor. “A empresa que trabalha com produtos essenciais, ditos de primeira necessidade, sente os impactos conjunturais com menor intensidade, mas ainda assim são afetadas negativamente pelo quadro recessivo”, conta.

A loja Fab, especializada em roupas e acessórios femininos, que está presente no mercado mineiro com três unidades: Shopping Contagem, Boulevard Shopping e Diamond Mall. O proprietário Fábio Hong conta que a empresa apresentou um crescimento de 30% em 2015, em comparação com ano anterior. Para Hong, é perceptível que o mercado está em período de recessão, porém as características da Fab ajudaram a aumentar o faturamento. “A empresa apresenta uma proposta inovadora, pois conta com roupas de qualidade com preços acessíveis”, explica.

Segundo Hong, a Fab teve grandes investimentos em 2015, com o lançamento de duas unidades, a do Shopping Contagem e do Diamond Mall, e ampliou o negócio para o mercado on-line. Além disso, para manter as vendas, foram reforçadas as divulgações da marca por meio das redes sociais e a qualidade no atendimento e dos produtos. “A expectativa é ter um faturamento positivo em 2016. Estamos planejando a abertura de uma unidade na região da Savassi e o incremento no mix de produtos. Contudo, o faturamento deve crescer em um ritmo menor devido à desaceleração do comércio varejista.”

A Bombons Lalka, que conta com dez lojas em Minas Gerais e parceiros em outros Estados, apresentou uma retração no faturamento em torno de 5% em 2015. De acordo com o proprietário, Roberto Marques Grochowski, apesar de o ano não ter sido positivo, a empresa está com boas projeções para 2016. “Realizamos muitos investimentos em 2015. Entre eles, a abertura de uma unidade no Minas Shopping, a reformulação do quiosque no Shopping Del Rey e aumentamos as viagens internacionais para trazer novidades para os nossos clientes. Nos próximos meses iremos ampliar a marca no mercado, fornecendo os produtos para delicatessens localizadas no Rio de Janeiro e em São Paulo”, conta.

Projeções para a economia em 2016
Segundo o economista da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, a expectativa para 2016 é de que o cenário econômico no país ainda apresente dificuldades, frente à baixa confiança dos agentes. Algum alento poderá vir no segundo semestre com a redução da inflação do país, tendo em vista que o impacto no poder de compra do consumidor será menor. Assim, é essencial que o empresário elabore ações para estimular as vendas e recuperar a receita nos próximos meses. “O cenário econômico no Brasil é desafiador, por isso, no início do próximo ano, o empresário precisa produzir um planejamento financeiro do seu empreendimento. Percebemos que a ação mais adotada atualmente são as promoções. Mas não adianta diminuir os preços sem planejamento, pois essa ação pode comprometer o caixa”, orienta.

Almeida destaca que desenvolver ações como implementar um atendimento diferenciado e incrementar vitrines ajudam a amenizar os impactos negativos da economia e podem deixar o empresário em vantagem em relação aos demais. “A palavra de ordem é ser criativo”, finaliza.

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