Setor de serviços evita queda maior do PIB

5 de jun de 2019

A expansão de 0,2% dos serviços no país freou uma queda maior do Produto Interno Bruto (PIB) no 1º trimestre de 2019. O setor, responsável pela abertura de quase 240 mil empregos formais de janeiro até abril deste ano, segundo o Caged, foi na contramão de outras áreas, segurando o indicador em -0,2%. Esta foi a primeira queda do PIB desde o 4º trimestre de 2016 (-0,6%).

O resultado, divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), colocou a economia nacional na fronteira de uma recessão técnica. A situação ocorre quando o conjunto de riquezas produzidas pelo país cai por dois trimestres consecutivos, como nos dois primeiros de 2015. Na época, o PIB recuou 1,3% e 2,3%, iniciando uma crise que durou até o fim de 2016.

Desta vez, o percentual negativo foi puxado, principalmente, pelos recuos na indústria (-0,7%) e na agropecuária (-0,5%), já considerando o ajuste sazonal, aquele feito em função das estações do ano. A retração da atividade industrial extrativa (-6,3%) agravou ainda mais o resultado do setor secundário, assim como as quedas na indústria da construção (-2,0%) e de transformação (-0,5%).

Entre as causas para o fraco desempenho da mineração está a ruptura, em janeiro passado, da barragem da Mina do Feijão, em Brumadinho. “O rompimento provocou um estado de alerta de outros sítios de mineração, ocasionando uma queda na extração de minérios ferrosos, e, por consequência, perdas para a indústria extrativa”, ressalta a economista da Fecomércio MG, Bárbara Souza.

Ainda pela ótica da oferta, outros dois grupos de atividades fecharam o trimestre com índices negativos: o setor de comércio (-0,1%) e o segmento de transportes e armazenagem (-0,6%). Segundo Bárbara, o comércio ainda permanece com o crescimento travado devido ao alto nível de desemprego no setor, que encerrou mais de 75 mil vagas nos quatro primeiros meses do ano, conforme o Caged.

A base do PIB
Pela ótica do consumo, a nona alta seguida da despesa das famílias (0,3%), assim como a melhora do setor de serviços, foi primordial para conter uma decepção ainda maior em relação à economia. A despesa desse grupo representa 64,3% do PIB do 1º trimestre, calculado em R$ 1.714 trilhão. Em relação ao mesmo período de 2018, o crescimento desse segmento atingiu 1,3%.

De acordo com Bárbara, entre os fatores que levaram à evolução do consumo das famílias estão “o bom comportamento do crédito para pessoa física, a massa salarial e a taxa de juros mais baixa que a registrada no 1º trimestre de 2018”. No entanto, a taxa de desemprego próxima a 12,5% tem gerado empecilhos para um desempenho mais consistente dessa despesa.

Um novo ‘pibinho’?
Se a dificuldade em criar novos empregos impede o avanço do consumo, o recuo de 1,7% nos investimentos em comparação com o trimestre passado agrava o cenário atual. “Esse indicador reflete uma baixa confiança dos empresários em relação à retomada da economia”, explica Bárbara.

Os investimentos das empresas incluem desde compra de maquinários a projetos de expansão. Embora tenha caído pelo segundo trimestre seguido, a taxa de investimento fechou o período em 15,5% do PIB, uma leve alta na comparação com o mesmo período de 2018 (15,2%). Contudo, em 2013, dois anos antes da crise, esse percentual ultrapassava 20% do Produto Interno Bruto.

Diante da dificuldade de se implementar as reformas prometidas pelo governo, com destaque para a Previdência, o Banco Central diminuiu pela 14ª vez seguida a previsão de expansão da economia. De acordo com o boletim Focus, o Brasil deve registrar um PIB de 1,13% em 2019. A projeção de crescimento de 2,5% em 2020 segue mantida pela instituição.

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