Crédito e seu impacto no varejo:

28 de mar de 2023

A falta de acesso ao crédito pode prejudicar o desenvolvimento dos negócios

A dificuldade de crédito é um problema que afeta muitos consumidores e empresas, em especial nos setores de comércio e serviços. Em Minas Gerais, essa situação tem se agravado desde setembro de 2022, devido as altas taxas de juros ofertadas pelos bancos, tornando-se um grande desafio para consumidores e empresários. A falta de acesso ao crédito pode prejudicar o desenvolvimento dos negócios, limitando a capacidade de investimento em novos produtos e serviços, além de impactar diretamente nas vendas. Neste contexto, é fundamental entender as causas e consequências dessa situação para buscar soluções que possam ajudar a fortalecer o mercado dos setores de comércio e de serviços em Minas Gerais. Em um estudo divulgado pela Serasa Experian, no período de janeiro de 2020 a novembro de 2022, sobre a demanda dos setores de comércio e de serviços por crédito, mostra que esses setores pouco buscaram crédito até maio de 2022, período em que as empresas ainda praticavam o lock-down, sem a previsibilidade da reabertura do comércio. Em outubro de 2021 ao mês de abril de 2022, os setores de serviços buscaram por mais crédito junto aos bancos, enquanto o comércio se manteve abaixo da média dos meses de 2022, ano de referência para a análise.

Fonte: Serasa Experian, Demanda das Empresas por Crédito.

Durante o ano de 2022, a demanda por crédito pelas empresas em Minas Gerais aumentou levou ao maior índice em junho, com 143,4 pontos, o mais alto valor da série histórica. No entanto, a partir desse ponto, houve diversas quedas, com o índice se aproximando da média do período, chegando a 79,4 pontos em dezembro do mesmo ano. É possível observar no gráfico, que nos meses finais, houve uma redução significativa da demanda por créditos, tanto para empresas quanto para consumidores, a partir de agosto de 2022, dificultando a antecipação das compras para reposição de estoque.

Fonte: Serasa Experian, Demanda das Empresas e consumidores por Crédito.

É fundamental ressaltar que o aumento exagerado do crédito, tanto para empresas quanto para consumidores, pode causar consequências desagradáveis para o setor varejista, uma vez que pode acarretar em aumento da inadimplência por parte dos consumidores, e em consequência, pode afetar também o setor varejista, dificultando a antecipação de recebimento devido ao alto índice de clientes inadimplentes na carteira.

Analisando o gráfico abaixo sobre consumidores inadimplentes e dívida média, com base nos dados fornecidos pelo Serasa Experian, entre os meses de janeiro de 2022 a dezembro do mesmo ano, houve um aumento, tanto no número de pessoas inadimplentes, quanto no valor médio da dívida. Este aumento significativo da inadimplência acomete diversos efeitos, incluindo a perda de receita direta quando o consumidor não paga as suas contas, comprometendo o capital de giro do comerciante e aumentando os custos operacionais para cobrir as perdas com clientes inadimplentes. Além disso, pode haver uma limitação no acesso a crédito para o varejista quando ele precisa obter empréstimos ou financiamentos para expandir seus negócios, uma vez que a maioria dos clientes está inadimplente.

Fonte: Serasa Experian, Inadimplência do Consumidor.

Taxa básica de juros – Selic

Fonte: BCB – Banco Central do Brasil, Meta e taxa SELIC.

Apesar da taxa Selic estar estável e de se observar um “platô” no final do gráfico produzido pelo Banco Central, os valores são considerados elevados. Isso não deve ser ignorado, pois os efeitos se estendem desde a tomada de crédito na economia, tanto para consumidores quanto para varejistas, até o estímulo persistente do endividamento das famílias, o que pode levar a um aumento da inadimplência dos consumidores.

O aumento da Selic e sua manutenção por um período prolongado terá efeitos significativos na economia, especialmente no comércio varejista. Para o economista do Núcleo de Estudos Econômicos da Fecomércio MG, filiada a Confederação Nacional do Comércio (CNC), Stefan D’Amato, isso ocorre porque a taxa de juros mais alta torna o custo do crédito mais caro. “Isso pode levar a uma redução na demanda por empréstimos e, consequentemente, impactar negativamente as vendas de varejistas que dependem de financiamentos, como lojas de eletrodomésticos, móveis e eletrônicos”, explica. “Como consequência o varejista tem dificuldades para repor o estoque, cobrir despesas como aluguel, salários e fornecedores, dificultando investimentos. Isso pode levar a uma redução nos lucros do varejista. E ainda, as empresas varejistas podem ter dificuldades para obter crédito com juros mais altos, o que pode levar à redução na concorrência e à dificuldade em antecipar as compras de produtos para serem ofertados com preços mais atraentes aos consumidores”, completa. Com o aumento nos preços dos produtos vendidos pelo comércio varejista, como uma forma de compensar o aumento nos custos de estoque, transporte e financiamento, irá a uma redução na demanda dos consumidores.

O aumento da Selic pode levar a uma redução na oferta de dinheiro na economia, podendo levar a uma redução do consumo e dos investimentos, e consequentemente ao aumento do desemprego.

A Selic é uma ferramenta importante para controlar a inflação. É preciso considerar que seu efeito pode ser limitado em caso de inflação de custos, quando os preços aumentam devido ao aumento dos custos de produção. Nesse cenário, a elevação da Selic pode não ser suficiente para controlar a inflação, deixando um elevado fardo para os varejistas e consumidores que demandam maior circulação de dinheiro na economia.

“É importante que os varejistas estejam atentos aos efeitos da Selic sobre suas atividades e busquem alternativas para reduzir seus custos e manter sua competitividade, como a reestruturação do estoque, a renegociação de contratos e a busca por fontes alternativas de financiamento. Além disso, é fundamental que o governo adote medidas para estimular a atividade econômica e manter o emprego, como a redução de impostos e a concessão de incentivos fiscais”, pondera D’Amato.

Sobre a Fecomércio MG

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais é a maior representante do setor terciário no estado, atuando em prol de mais de 568 mil empresas mineiras. Em conjunto com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), Sesc, Senac e Sindicatos Empresariais, a Fecomércio MG atua junto às esferas pública e privada para defender os interesses do setor de Bens, Serviços e Turismo, a fim de requisitar melhores condições tributárias, celebrar convenções coletivas de trabalho, disponibilizar benefícios visando o desenvolvimento do comércio no estado e muito mais.

Há 84 anos fortalecendo e defendendo o setor, beneficiando e transformando a vida dos cidadãos.

Compartilhe nas redes sociais

Fale Conosco!
Fale conosco!
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?