Endividamento dos belo-horizontinos recua em abril, mas segue em patamar elevado

5 de maio de 2022

Segundo especialista da Fecomércio MG, a tendência no índice de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) é de estabilidade, e se deve a fatores conjunturais adversos

O número de famílias que possuem contas ou dívidas em Belo Horizonte diminuiu no mês de abril. Segundo a pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela área de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio MG), o índice recuou 1,1 ponto percentual (p.p.) em relação a março, atingindo 87,9%, o valor mais baixo desde setembro de 2021.

No entanto, de acordo com o economista-chefe da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, a tendência é de estabilidade. Segundo ele, o principal fator que explica o resultado é a conjuntura econômica. “Em um cenário de inflação elevada como o que vivenciamos atualmente (IPCA em 11,3% ao ano), muitas famílias adquirem dívidas para manter o padrão de consumo”, analisa o especialista.

O índice na capital mineira ainda é superior ao da pesquisa nacional, realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Segundo o levantamento, o percentual de famílias brasileiras que relataram ter dívidas a vencer chegou a 77,7% em abril, avançando 10,2 pontos percentuais em relação a abril de 2021, quando a parcela correspondia a 67,5%.

Contas em atraso

Por outro lado, o percentual de consumidores com contas em atraso aumentou na comparação mensal, assumindo o valor de 44,4% em abril. Ao todo, 14,8% das famílias acreditam que não terão condições de pagar os compromissos financeiros em atraso. Entre as famílias cuja renda é de até dez salários mínimos, o índice chega a 16,5%. A pesquisa também mostra que as dívidas estão atrasadas há, em média, 62,4 dias.

Para Guilherme Almeida, a pressão inflacionária também explica a forma mais acentuada com que a inadimplência afeta as famílias de renda mais baixa. “Isso ocorre porque há itens da cesta de consumo que têm pesos diferentes no orçamento familiar. As que têm renda de até dez salários mínimos geralmente contratam dívidas para produtos e serviços de primeira necessidade, tais como gás, energia elétrica, combustíveis e compras de supermercado”, explica.

Tipos de dívidas

O principal compromisso financeiro assumido pelos consumidores de Belo Horizonte é o cartão de crédito. Em abril, 84,4% se comprometeram com essa modalidade. “Hoje, muitos consumidores pagam contas e fazem compras com cartão de crédito. Por isso, é importante que tenham atenção e se planejem para não perder o controle do orçamento, uma vez que essa modalidade possui um dos maiores juros praticados no mercado”, afirma Almeida.

Crédito pessoal, carnês e financiamentos de carro e casa também são dívidas muito contraídas na capital mineira. Vale mencionar também a utilização do cheque especial. Em abril, o número de consumidores que utilizam esse produto chegou a 9,6%, o que representa um aumento de 2,2 p.p. em relação ao mês anterior. Entre o público com renda superior a dez salários mínimos o aumento foi ainda maior, passando de 7,2% em março a 10,9% em abril.

Sobre o crescimento do cheque especial, Guilherme Almeida explica que a atratividade está relacionada à burocracia reduzida.  “A celeridade e praticidade de contratação desse serviço atrai muitos consumidores, que acabam optando por ele e pelo cartão de crédito em vez de outros que, muitas vezes, têm taxas de juros mais apropriadas”, avalia o economista da Federação.

O levantamento também avalia o impacto das dívidas na renda das famílias de modo geral. Em 78,9% dos casos, as dívidas comprometem mais de 10% da renda familiar, um aumento de 2% em relação ao mês de março. O número de famílias com dívidas em valores que superam os 50% do orçamento chegou a 24,7%. Em média, as dívidas comprometem 31,1% da renda mensal.

Acesse, na íntegra, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic)

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